Páginas

28 outubro 2014

"Bukowski sabia"


“Estou cansado dessa mesmice do dia a dia, da hipocrisia que nossos semelhantes exalam a cada frase dita mal o dia tendo começado - sendo eu um deles. 

Por mim eu ficava em casa, deitado em minha cama com uma boa garrafa de algo qualquer para molhar o bico; só não fico porque há de chegar o dia em que a preguiça me roubará os sonhos, a força para realizá-los. 

Tenho sonhos para concretizar, transformar em metas; sonhos inferiores a fama e fortuna; sonhos pequenos como realização pessoal e felicidade de fim de tarde, à noite, acompanhado, não dormir e acordar ao lado de quem me fez companhia nessa insônia. 

Deixo minha cama e enfrento esse mundo cheio de calamidades, rodeado por pessoas tão desinteressantes, pois no fundo ainda tenho fé que em meio a tantos humanos, resida um pouco de humanidade. Humanidade de saber respeitar, de entender que estamos abaixo da ordem natural, que uns virão, outros irão, é o normal de se acontecer. Humanidade que os animais parecem conhecer melhor, aquela que faz famílias firmes, nada desses abandonos que se vê nessas caixas coloridas que se tem hoje em dia; seja por qualquer motivo que for. 

Vou trabalhar, exalar mal humor, soltar sorrisos de vez em quando, em busca de alguém que encontre algo pelo qual lutar por trás desse casmurro que venho me transformando. Visto minha roupa de ser humano dia após dia pois há alguém lá fora que é para meu bico, que é a minha garrafa. 

Os problemas não se resolverão, sempre cá estiveram, sempre cá estarão, mas a preocupação com o que se tem de errado se amenizará. 

Vou viver com uma e somente uma pessoa e quando essa garrafa esvaziar-se, não será hora de arranjar outra na esquina por dinheiro, será minha vez de também esvaziar e da cama não levantar novamente. 

Findarão-se as diversões vazias, as preocupações com uma sociedade que nem me diz respeito, as poesias bêbadas de fim de domingo. Só não findará a consciência de que algo está fora de lugar, não findará a poesia que luta, o engajamento. Alguém há de se tornar a garrafa e assim como eu, dar continuidade ao legado dos tolos. Legado dos que ainda acreditam que há muito a ser explorado, mas que não vivem no tempo em que esse potencial será alcançado.”

26 outubro 2014

Mr Nobody


Alerta de spoiler para as moçoilas não ficarem de mimimi depois

Eu gosto de filmes que me fazem pensar. Filmes que me deixam com a boca aberta e a cabeça a ponto de explodir. Sendo assim, não é surpresa eu anunciar que me apaixonei pelo Mr. Nobody, nome do protagonista e título do filme que vou comentar hoje. 

A obra é de 2009, muitos de vocês já devem tê-la assistido, mas eu preciso falar sobre as minhas impressões mesmo assim e com isso já faço o favor de indicar a quem ainda não assistiu. 

O filme é narrado por Nemo Nobody (interpretado lindamente pelo Jared Leto <3), num futuro não muito distante, sendo ele o último ser humano mortal  da Terra, prestes a morrer de velhice. Esse fato inusitado chama a atenção da mídia e todos querem saber como era a vida do Sr. Nobody. A trama, que segue as lembranças embaralhadas e confusas do protagonista, não é nada linear, requerendo assim muita atenção a todos os detalhes, diálogos, cenários, figurinos e tudo o mais. 

Por vezes somos levados a realidades diferentes, basicamente três, que seriam as consequências da escolha que o pequeno Nemo de 9 anos teve que fazer ao ver o casamento de seus pais se desfazer: ficar com o pai ou partir com a mãe. E é a partir disso que sua mente começa a fantasiar todas as situações possíveis, a fim de descobrir qual seria a melhor opção.

Jeanne, Elise, Anna - reparem nos figurinos que são escolhidos propositalmente
Partindo com a mãe, em sua adolescência acabaria morando com ela, um padrasto e sua filha, Anna (vestindo rosa/vermelho, representando a paixão, o amor), com quem Nemo acaba tendo uma relação. Por outro lado, ficando com o pai - que adoece terrivelmente, Nemo se torna um adolescente revoltado que decide planejar todo seu futuro de forma fria e calculista após uma desilusão amorosa com Elise (azul - frieza, apatia). O garoto decide que casará com a primeira menina que dançar com ele em uma festinha - que acaba sendo Jeanne (amarelo - ganância) - apenas para concretizar seus planos.

Já em sua vida adulta, somos apresentados para o futuro das três escolhas. Caso escolhesse a primeira, há certa altura a mãe de Nemo e o pai de Anna se separariam, estes últimos indo morar em Nova Iorque, afastando Anna e Nemo. Caso seguisse a segunda opção, com seu plano traçado, conseguiria alcançar seus objetivos, seria rico, teria uma casa grande, filhos e um casamento estável com Jeanne, mas um tédio infindável tomaria conta de si, não havendo maiores motivos para viver. Por outro lado, se tivesse se resolvido com Elise, se casariam e esta, por amar outro homem, viveria numa apatia tremenda, intercalando entre crises esquizofrênicas e choro incontrolável. 

De todas as três opções, é entre Nemo e Anna que rola química, paixão, amor e todo o necessário para que a vida valha à pena. E as palavras não fazem jus à intensidade da relação deles, é só assistindo ao filme que vocês vão poder sentir isso.

A fotografia do filme é maravilhosa, assim como a trilha sonora. Os momentos de Nemo e Anna são extremamente apaixonantes e só por isso já vale assistir ao filme!

Quanto às questões que surgem após os créditos, é impossível não pensar no tal Efeito Borboleta e em todas as escolhas que já fizemos e fazemos todos os dias, a todos os momentos. Como tudo seria se há anos sua mãe não tivesse dito sim ao seu pai? E se eles nunca tivessem se conhecido, você estaria aqui? E sobre os amores, amigos, escola, faculdade, enfim, todas as opções possíveis de vidas que poderiam ter sido e não foram. É enlouquecedor ficar pensando nisso. Em todos esses "e se". 

Mas talvez a mensagem mais forte que fica do filme seja que prever o que poderia acontecer a cada escolha feita não seja necessariamente uma coisa boa. Afinal, podendo antecipar tudo o que aconteceria, ficaríamos paralisados, sem saber para onde ir. 


Essa frase define bem toda a filosofia impregnada nas rugas do Mr. Nobody. Sua mente confusa, suas histórias misturadas sem sabermos o que é real ou ilusão... Tudo isso é apenas fruto da imaginação de um menino de 9 anos que não sabe o que fazer. Vivendo um impasse decisivo, que decidirá o curso de toda a sua vida, e que diante de todas as opções, não consegue escolher qual caminho seguir. 


"Mr. Nobody" tem umas sacadas geniais, cenas bem estruturadas, diálogos incríveis e atuações maravilhosas. Recomendo a todos que não viram ainda. Assistam e venham me contar o que acharam! 

Pra finalizar, um trecho que eu achei sensacional: 

Anna para Nemo: "quando nos separamos aos 15 anos, eu disse que não amaria mais ninguém, nunca. E nunca me apegaria, nunca ficaria tempo demais em lugar algum e não teria nada para mim mesma. Decidi que fingiria estar viva. E isso é o que eu venho esperando todo esse tempo. De todas as vidas possíveis, só uma... Com você. Mas não estou mais acostumada com isso. Você sabe... Me refiro ao amor. Tenho medo de te perder de novo. Medo de estar sem você novamente. Estou aterrorizada. Preciso de um tempo."

18 outubro 2014

Extraordinário


O mundo está repleto de pessoas horríveis. Babacas, escrotos e sua trupe. Mas não serei injusta. Em oposição ao lado negro da força também existem pessoas legais andando por aí. Pessoas extraordinárias, pelas quais vale a pena ter esperança e acreditar que um dia serão maioria. Pessoas que fazem coisas extraordinárias e fazem o meu mundo um pouquinho mais extraordinário.

Tô amorzinho hoje, segurem esse forninho. 

O caso é que eu estava ouvindo a trilha sonora de Viagem a Darjeeling, filme dirigido pelo Wes Anderson (que, diga-se de passagem, é uma dessas pessoas extraordinárias que fazem coisas extraordinárias) e não sei como, mas fui parar no clipe da música "Home" - Edward Sharpe & The Magnetic Zeros. Por um aborto da natureza, eu nunca tinha assistido ele, apesar de já ter deixado a música no repeat por muito tempo. Então resolvi assistir e, gente, para tudo. Que clipe mais lindo! 

Fora a letra, né? Eu nunca tinha parado pra reparar em como as frases se encaixam bem. "Home is wherever I'm with you", que faz parte do refrão e deve ser a frase mais conhecida da música, faz referência ao amor "não declarado", aquele que não precisa de um "eu te amo" pra fazer sentido, por isso era a minha favorita. Mas quando fui analisar o restante da letra, reparei num diálogo MUITO AMOR, que se tornou meu preferido de todos os tempos (dessa música). Ouçam comigo.


- Jade
- Alexander
- Do you remember that day you fell outta my window? Lembra aquele dia que você caiu da minha janela?
- I sure do, you came jumping out after me Com certeza, você pulou atrás de mim
- Well, you fell on the concrete, nearly broke your ass, you were bleeding all over the place and I rushed you out to the hospital, you remember that? Bem, você caiu no concreto, quase quebrou sua bunda, você estava se esvaindo em sangue e eu corri com você para o hospital, você se lembra disso?
- Yes I do Sim, eu lembro
- Well there's something I never told you about that night Bem, há algo que eu nunca lhe disse sobre aquela noite
- What didn't you tell me? O que você não me disse?
- While you were sitting in the backseat smoking a cigarette you thought was gonna be your last, I was falling deep, deeply in love with you, and I never told you til just now Enquanto você estava sentada no banco de trás fumando um cigarro pensando que seria seu último, eu estava me apaixonando profundamente, profundamente por você, e eu nunca lhe disse até agora

Gente, vem cá, me abraça.


Vou aproveitar o ensejo, já que eu quase nunca falo sobre música, e vou deixar mais um clipe pra vocês assistirem. Tô viciada numas músicas nem são atuais mas que simplesmente não consigo parar de ouvir afinal, panela velha é que faz comida boa, não? Não. Alguém me dá uma playlist atualizada porque se não vou continuar revirando o baú da minha pasta de músicas, tirar as teias de aranha, e ser feliz com minhas musiquinhas last year.


If I lose myself tonight 
It will be you and I

Essas são minhas indicações de músicas maravilhosas esses negros maravilhosos que fazem o meu mundo mais extraordinário. E vocês? Quais são suas indicações?

13 outubro 2014

Bomba atômica

Manhattan (1979)
Eu também não consigo (mais) expressar raiva, meu caro Isaac. Esse é o meu problema também: internalizar as coisas, guardar pra mim, não falar...

Não sei você, Allen, e nem vocês, leitores, mas eu tenho um histórico de desastres que foram causados por eu falar o que eu penso sem passar por aquele filtro do que é socialmente aceitável. Eu sempre acabo estragando as coisas por falar demais ou por ser sincera demais, corajosa demais, enfim, tudo demais. Extremism sucks. Por isso eu resolvi deixar de ser. Dar uma pausa, tirar umas férias, sabem como é.

Porque acontece que as pessoas não suportam intensidade, não suportam ouvir umas verdades na cara, não aceitam que são humanas e erram, mas que podem aceitar críticas construtivas e crescer, melhorar. É que é muito mais fácil simplesmente fechar a cara, virar as costas e achar que errado é quem não concorda com suas ideias e atitudes - no maior estilo "teimoso é quem teima comigo" e nesse quesito eu sou meio assim, também, mas só quando eu tenho certeza ABSOLUTA de que estou certa (o que é meio que sempre, mas vá lá). Por isso eu cheguei à conclusão de que é melhor ficar quieta, às vezes. Evita situações assim. Evita tretas. Evita discussões acaloradas para as quais eu não tenho mais saco. Evita pessoas tendo que levantar o tom de voz porque não têm argumentos válidos. Evita eu querendo descer do salto e enfiar meus argumentos goela abaixo. Eu até diria que evita dor de cabeça, no sentido figurado, mas seria uma péssima ironia.

Daí que pensando nisso tudo eu resolvi que nesse semestre eu iria invocar meu Buda interior, mentalizar uns mantras, bem good vibes, respirar fundo e aquela história de contar até 10 antes de perder o controle. Prometi pra mim mesma que não iria me estressar. Colegas de 20 anos ou mais agindo como crianças do primário? I pass. Professores irritantes que se acham os bam-bam-bans mas não sabem nem lidar com um retroprojetor ou postar a droga da nota no sistema? Pass. Colegas reclamando sobre eu não passar cola e me chamando de individualista. P-A-S-S. Irmão com o dom de me tirar do sério. PA-PA-PASS. Me preocupar com notas? Puff, pass. Sempre mentalizando aquela praia bonita, com ondas quebrando e lambendo a areia, aquela espuminha branca, céu azul, etc... Cês querem saber de uma coisa? Isso tudo funcionou. Até não funcionar mais...

Não lembro bem quando começou, mas no meu caso não foi um tumor eu acho que cresceu, foi uma espécie de alergia, brotoeja, sei lá. E, como se não bastasse, me bateu uma dor de cabeça insuportavelmente paralisante, daquele tipo que impede você de ter qualquer pensamento, porque até pensar dói. E isso tá me deixando louca. 

Haja paracetamol, queridos. E haja fígado pra tanto paracetamol! Pois é, não tá fácil pra ninguém.

Agora vejam só vocês: estamos no começo de outubro e eu não consigo não pensar naquela velha frase que meu professor de matemática do Ensino Médio costumava falar: CHEGA, NATAL! E acrescento uma que vem sendo minha citação favorita: ACABA, SEMESTRE. Porque não tá fácil. Tanto estresse, tanta coisa acumulada que tenho medo de um belo dia explodir (de tanta dor de cabeça ou de cansar de guardar meus pensamentos pra mim e jogar tudo na cara das pessoas, sem brincadeirinhas irônicas ou sem falar de forma sutil). Porque tem umas pessoas que simplesmente não entendem quando estão sendo inconvenientes E CHATAS. E, sinceramente, falar em forma de conselho é pedir pra não ser ouvida. Então, queridos, espero que vocês não estejam por perto quando eu resolver dar umas férias pro meu Buda e jogar pro alto toda essa serenidade que eu venho tentando aderir. 

Mas, até lá, vou desabafando aqui no blog e assistindo aos filmes do Woody Allen que são sempre um "eu tô na merda, mas nem tanto quanto esse personagem, então blz, fera".

Annie Hall (1977) E eu pensando que na faculdade as coisas seriam melhores... 

11 outubro 2014

Um submarino chamado saudade

Saudade é tipo um submarino que pode ficar submerso durante muito tempo. Ali quieto, na sua, tranquilo. Em outros termos, é um sentimento que está sempre no nosso subconsciente, mas passa longe da ponta do iceberg, por isso nós conseguimos conviver com ele e ir levando na maior parte do tempo. 

A saudade está diretamente ligada à solubilidade das pessoas, das coisas, de tudo, infelizmente. Afinal, você pode sentir saudade de alguém que partiu de fato ou sentir falta de alguém que não é mais a pessoa que costumava ser. Simples assim. Complicado assim. E o jeito é lidar com. Sem fazer beicinho, sem deixar de lado. 

O diabo da saudade é que ela é bipolar. Enquanto nos traz lembranças, nos faz pensar em coisas que preferíamos esquecer (pois nunca serão tão boas quanto já foram ou totalmente o oposto), ela também pode ser a sustentação de lembranças boas o suficiente para nos impulsionar a tentar fazer novas memórias tão boas quanto (ou melhores que) as antigas. 

Mas quando ele resolve subir ao nível do mar, sai de baixo! Esquece o romantismo e a poesia que ela inspira. Se prepara porque lá vem bomba. 

Daí que hoje eu acordei com saudade. Aquela que faz o coração apertar e o cérebro insistir em vagar pelas memórias de um passado que parece estar há milhas de distância. Hoje eu acordei querendo esquecer, mas entendi que quanto mais eu tento, mais eu lembro.

Pra distrair, comecei a pensar em todas as coisas maravilhosas que aconteceram e me faziam antecipar a saudade que eu sentiria quando elas acabassem. Pensei também em todas aquelas que foram se desgastando, deixando de fazer sentido, até irem embora sem deixar nenhuma lacuna. Simplesmente se foram, sem dor, sem saudade. E finalmente me conformei. Entendi que a saudade precisa ser sentida. Significa que, no fim das contas, algo valeu à pena. 

É né.... estar rodeada de gente e só precisar de uma. Triste verdade!
Esse. Filme. <3

03 outubro 2014

Bale e o meu simpático

Simpaticíssimo
Se tem uma coisa que me deixa passada, é gritar comigo sem eu ter feito nada faz amigas brigarem é eleger o "cara ideal", tipo aquele boy magia, Deus Grego e derivados que faça todas babarem. Falando bem a verdade, é impossível escolher um, apenas um, que agrade a todas. Impossível, porque mulher é um bicho estranho que ninguém entende. E desse bate-papo aparentemente simples e descontraído podem surgir as maiores discussões e lavagens de roupa suja que vocês possam imaginar. Negócio é tenso, galera. Isso que estamos falando de cantores, atores e esses amores platônicos, caras inatingíveis... Agora imagina se tivéssemos falando dos caras da mesa ao lado? Unhas quebrariam, cabelos seriam arrancados!!

Enfim, o caso é que dia desses estávamos eu, 4 amigas e 1 amigo gay todos sentados em uma mesa no centro de convivência da universidade durante o intervalo da aula da tarde. A matéria era farmacologia e antes do intervalo a professora estava fazendo uma introdução sobre sistema nervoso, como se a gente já não tivesse estudado sobre ele em mais umas 4 matérias, pelo menos. Quando foi falar sobre o SN Simpático, ela jogou uma pergunta pras meninas responderem: "qual é o famoso (ou não) da atualidade que ativa o Simpático de vocês? Eu dou essa aula há anos e eu costumava citar o George Clooney, mas, de uns tempos pra cá ao invés de ativar o simpático eu desencadeio uma série de risos." Nesse momento várias risadinhas ecoaram na sala. Me calei, mas tamo junto, professora. Acho ele um pão também (risos).

Ué, tão rindo pq, ainda dou um caldo, garotas
Pra quem não sabe, o sistema nervoso simpático é ativado em situações de estresse (podendo ser ele o bom estresse ou o ruim), em situações de emoções extremas, em que o corpo precisa reagir da maneira mais rápida possível. O coração acelera para bombear mais sangue para o corpo, a respiração aumenta seu ritmo para que os pulmões recebam mais oxigênio, adrenalina é liberada, a salivação diminui, enfim, todo esse processo fisiológico que já é nosso velho conhecido, bem característico em situações como um assalto, por exemplo, ou ao ver alguém que a gente gosta. Borboletas no estômago, boca seca? Esquece o romantismo da coisa, é só o simpático agindo, deixando você pronto para o "estímulo de fuga ou luta", sendo que, na maioria dos casos, a melhor opção é correr. 

Terminada a aula intensiva de fisiologia, voltemos ao assunto principal: quem ativa o nosso simpático. Daí que na mesa, durante o intervalo, começamos um debate sobre quem seria o causador do aumento dos nossos batimentos cardíacos e todos os sintomas supracitados. 

Pra vocês terem noção do nível da conversa, logo de início citaram o Caio Castro (que, né, pfvr, so mainstream), depois vieram com "aquele cara da novela que faz o comendador" (e sou obrigada a dizer que com esse eu concordo), "aquele da novela que fazia o comendador quando jovem" (quer pegar pra criar?), até que resolvi contribuir com a minha singela opinião, tentando elevar o nível da disputa. 

Depois de muito pensar (são tantas emoções opções) optei pelo melhor que me passara na mente: Christian Bale. Fiquei toda felizinha porque até então praticamente nenhuma opção fora aceita por mais de duas meninas (contando com aquela que tinha indicado) e eu tinha CERTEZA ABSOLUTA que todos naquela mesa teriam o bom senso de concordar comigo. Engano o meu. Foi só eu falar o nome do deuso que umas me olharam com um ponto de interrogação na testa, tipo assim: "quem é esse?" e eu tive que abrir uma foto  dele no celular que eu tinha por acaso (hehe) e explicar que "esse" era o Batman e o cara com uma motosserra na capa do meu facebook. "Ah, então é esse?" uma disparou. Na minha cabeça, a resposta: "não, esse é o meu vô, mas já que citaram um bebê, porque não citar alguém da terceira idade também? Vamos ser inclusivos, pessoal!", mas calei-me. Outra amiga logo disparou que achava ele FEIO. Gente, Christian Bale feio? Como assim????? Aliás, se você vier comentar que ele é feio eu nem vou aceitar seu comentário, ok? E tenho o dito. Democracia é o caramba. Não me venha com liberdade de expressão quando estamos falando sobre Bale.

querida, me desculpa, mas feia é tu no espelho e para de RECALQUE
Por sorte, o intervalo acabou e voltamos pra sala. A menina que citou o comendador teve tempo de procurar no celular o nome do ator. Alexandre Nero btw, e ele foi eleito pela professora como o "representante de ativação do simpático da galera da 3º fase". É claro que eu achei injusto, mas né, fazer o que. Nem tive tempo de indicar meu Bale, e é um pena as meninas serem maioria na minha sala, pois garanto que se eu indicasse o Batman, todos os meninos apoiariam e ele seria nosso vencedor. Infelizmente não podemos ganhar todas.

Mas, no meu coração, eu sei que ele ganhou (oin), e aí, quem ativa o simpático de vocês? 

Batman tá de olho nessa zuera, fera