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17 novembro 2014

Houston, we have a problem

Eu tenho essa estranha mania de imaginar como as coisas mais subjetivas seriam se fossem pessoas. Tipo os sentimentos ou o destino. Daí que esses dias eu estava pensando que se a vida fosse uma pessoa, ela seria aquele irmão mais novo que pentelha você o tempo todo. O. TEMPO. TODO. E quando ela tá calma demais, quando as coisas estão muito tranquilas, PREPARA porque vem bomba por aí. Vocês podem achar que é uma forma meio pessimista de ver as coisas, mas tenho alguns argumentos que comprovam a minha tese. Vamos a eles.

Tudo transcorria perfeitamente bem na vidinha desta que vos fala, tudo de boas, tranquilo, até que mês passado algo começou a me incomodar. Eu até comentei com vocês que eu estava com "uma dor de cabeça insuportavelmente paralisante, daquele tipo que impede você de ter qualquer pensamento, porque até pensar dói", cês lembram? Então... Acontece que depois de alguma resistência, eu resolvi ir ao médico e acabei descobrindo que tenho uns probleminha na cabeça. Não é nada que afete movimentos/fala/capacidade de pensamento ou coisas assim (só minha memória que já não era boa e agora tá nível alzheimer), mas é, em suma, uma baita de uma dor de cabeça - literal e figurativamente falando. 

shit just happens (acontece nas melhores famílias)
No começo eu achei que poderia ser o estresse o causador dessas dores, mas após alguns exames o médico descobriu que quem desencadeou a minha "trombose de seio venoso" (nome feio né? combina com a doença) foi nada mais nada menos que o anticoncepcional que eu estava tomando - na bula até dizia que tinha riscos e blábláblá, mas QUEM LÊ A BULA? Minha professora de farmacologia lê. Ok, reformulando: QUE PESSOA NORMAL LÊ A BULA, as letras miúdas? Ninguém né? Enfim.

O caso é que a bomba literalmente explodiu e por isso eu estava sumida do blog. Fiquei internada 12 dias no hospital, porém agora já estou em casa, um pouquinho melhor, embora minha recuperação esteja sendo bem lenta. Meus exames ainda não estão normais e arrumei dois novos amores que precisam andar sempre comigo, como se minha vida dependesse deles (hehe piadinha): remédio pra circulação e anticoagulante, que terei que tomar pro resto da vida. Esse sim é um amor que vai durar, triângulo amoroso melhor que Crepúsculo. Além disso, não posso fazer esforço físico, não posso ficar muito tempo em pé/andando, não posso ficar muito no sol... What means: sou uma velha de 60 anos presa num corpitcho de 19. 

Mas de resto tá tudo bem. 

Tô de licença médica, o que significa que as férias chegaram mais cedo. Assim tô tendo bastante tempo livre pra ler, escrever, assistir filmes, séries, passar um tempo com meu querido irmão, morrer de tédio, implorar pro médico deixar eu ir pra aula e ele negar, essas coisas... MOMENTOS.

Agora chega de drama e vamos à parte educativa do post onde eu falo sobre as lições que aprendi. De toda essa desgraça, ficam alguns conselhos pra vocês: 

1. Crianças, PROCUREM UM MÉDICO sempre que vocês sentirem uns sintomas persistentes ou algo que nunca sentiram antes. Mas pelo amor de Deus, não se tornem aqueles seres paranoicos que acham que uma dor de cabeça significa tumor cerebral. Sério.

2. Copiando o slogam das campanhas sobre saúde: prevenção é o melhor remédio. Então usem camisinh... Não pera. Cuidem-se. Façam check-ups e toda essa baboseira. E usem camisinha também, aliás.

3. Continuem lendo meu blog e comentando. Faz bem pra saúde!! - pra minha pelo menos faz, rs. 

Dados os recados paroquiais, fiquem com imagens exclusivas do meu romance:


Ps: na taça tem água e a fumacinha é da vela da macumba que eu fiz prazinimiga do jantar romântico. Saúde em primeiro lugar.

15 novembro 2014

Menos Maísas, mais Spivets


O que eu vou falar agora pode soar meio preconceituoso, mas não deixa de ser verdade: crianças-prodígio costumam ser um pé no saco - vide Maísa Silva. Assim como crianças que convivem apenas com adultos e começam a se portarem como tal, argh, tem coisa mais chata do que isso??? Mas, contrariando todas essas minhas ressalvas, o pequeno superdotado T.S. Spivet chegou de mansinho, ganhou o meu coração e um espacinho no blog onde vou falar sobre o filme que conta sua história.

Pra variar, eu odiei a tradução do título. O original "The Young And Prodigious Spivet" já não é lá grandes coisa, porém sou obrigada a admitir que é melhor que "Uma Viagem Extraordinária" (2013), sua versão traduzida/adaptada.

Antes de falar sobre a obra, vou usar um argumento que terá grande valia para quem assistiu e gostou d'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain: as aventuras do menino Spivet foram dirigidas por ninguém menos que Jean-Pierre Jeunet (e eu tive que pesquisar no google como escrevia esse nome, me julguem), mesmo diretor do filme citado anteriormente. Não digo que a obra de 2013 seguiu exatamente o mesmo padrão usado em 2001, mas lembra, de certa forma, o jeitinho de Amélie, usando alguns elementos mais atuais, mantendo o que já funcionava e aprimorando o que poderia ser melhorado de lá pra cá. O resultado foi perfeito!

Pra quem gosta da Heleninha tem espaço também <3
"Uma Viagem Extraordinária" é ambientado na infância de T.S. e vai nos inserindo, aos poucos, em sua rotina de forma tão natural que é como se estivéssemos vivendo ali em Montana com ele desde sempre. Apesar da família um pouco, eu diria, peculiar, é gostoso ver como o relacionamento deles toma um direcionamento surpreendente (e emocionante) no final do filme, mas nada de spoilers pra vocês. 

Quando Spivet ganha um prêmio de ciência graças a um invento seu e precisa ir sozinho para os Estados Unidos recebê-lo tudo começa a ficar mais interessante. Nosso protagonista passa por poucas e boas (juro que isso não é narração de filme da sessão da tarde), mas consegue seu objetivo. Isso nem conta como spoiler porque é meio óbvio e, além disso, o bacana mesmo é assistir ao filme para ver a belíssima construção das cenas e todos os momentos durante a viagem que são impagáveis. 

Resumindo: esse é um filme fofo, emocionante, engraçado, com uma fotografia incrível, trilha sonora impecável e uma história linda contada de forma magnífica. Apesar da intensidade escondida por trás de toda a fofura, a obra consegue transmitir uma leveza tão grande que é impossível não se pegar sorrindo em alguns momentos. 

Fui alegremente surpreendida com esse personagem mirim que apesar de ser um gênio não perdeu a doçura e inocência da infância. Dá pra rir, chorar, se emocionar e torcer para que tudo dê certo no final. 

Esse é, definitivamente, um filme que vale a pena ser visto.

Fica a dica pra vocês.

"Não sei o que está procurando, mas não mude em nada. Continue desse jeito."