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28 janeiro 2015

Novo mantra-pra-vida: "shake it off"

Corazón en Papel♥ | via Tumblr
Euzinha tocando o foda-se
Acabei tropeçando, aqui nos rascunhos do blog, num texto imenso e não concluído no qual eu divago sobre a minha personalidade geminiana e minha consequente dificuldade em encontrar uma forma "aceitável" de refletir o que sou por dentro na minha aparência. Aqueles milhões de parágrafos dispersos até renderiam um post potencialmente bom, se fossem reorganizados e melhorados, mas por hora resolvi usá-los apenas nessa introdução.

Enquanto relia uma parte do texto supracitado (perdoem a repetição da palavra "texto", é que o dito cujo permanece sem título até hoje, porque se tem uma coisa que eu aprendi nas aulas de redação é que essa é a última coisa com que devemos nos preocupar), a música "shake it off", do cd novo da Taylor Swift, estava tocando ao fundo e de repente seu refrão começou a martelar incessantemente na minha cabeça. 

O clipe dessa música se tornou um dos meus preferidos ever, mas eu nunca tinha me atentado ao fato de como me sinto abraçada pela mensagem que ela traz. O caso é que eu tenho um histórico enorme de coisas que eu já deixei de fazer por me preocupar demais com o que as outras pessoas iram achar, então imaginem meu estranhamento quando eu comecei a dançar e cantar, sozinha no quarto, a música da Taylor, bradando aos quatro ventos que:

'Cause the players gonna play, play, play, play, play
And the haters gonna hate, hate, hate, hate, hate
Baby, I'm just gonna shake, shake, shake, shake, shake
I shake it off, I shake it off

Foi então que tive o prazer de sentir o que já há alguns meses apareceu pra mim como uma epifania: não sei quando, nem como, mas algumas coisas dentro de mim mudaram. Eu mudei. Já comentei sobre isso aqui no blog porém hoje sinto isso infinitamente mais amplificado, é uma coisa que não consigo explicar com as minhas próprias palavras, por isso pego emprestada uma frase cantada pela Mallu Magalhães na música "me sinto ótima": a melhor parte de mim eu acabei de descobrir e, se perguntarem por mim, diga que estou ótima.

No final das contas, eu já aceitei que sou uma geminiana típica e, sendo assim, minha natureza é ser inconstante, por isso tenho que adaptar meu estilo a cada dia (dando um desfecho pra ideia inicial desse post). Então concluí que nada, absolutamente nada, me impede, por exemplo, de pintar as pontas do meu cabelo de azul (o que estou cogitando seriamente) ou usar uma camiseta de Star Wars por cima da minha marquinha de biquíni (que tanta gente acha vulgar e eu estou 100% nem aí). Gostar de comédias românticas e chorar assistindo a filmes de romance não anula o fato de eu ser apaixonada por filmes de máfia e adorar uns filmes de ação; assim como ler livros clássicos não me torna uma sabe-tudo e YA's não me tornam menos interessante. Ter um estilo hoje não impede que amanhã eu sinta vontade de ter outro completamente diferente. E eu vou ter. E o que os outros pensam? I shake it off.

Acaba que esse texto é mais pra mim do que pra vocês, mas acho interessante compartilhar essa nova fase da minha vida. Esse negócio de "shake it off" (numa tradução livre: tocar o foda-se) se tornou meu mantra pra vida. E me sinto ótima. 

19 janeiro 2015

Tagarelando sobre Birdman


Falta pouco mais de um mês pro Oscar e eu ainda não assisti a todos os filmes indicados. Até aí nenhuma novidade. O caso é que se eu tinha uma certeza nessa vida era que O Grande Hotel Budapeste merecia levar pra casa todas as estatuetas as quais está concorrendo. A obra-prima que me apresentou o maravilhoso universo de Wes Anderson (de onde não quero sair nunca mais) continuaria sendo minha aposta até debaixo d'água, mesmo sabendo que Boyhood por ventura acabaria levando a melhor em (bem mais categorias do que eu gosto de admitir) algumas categorias. 

Até aí tudo bem. Eventualmente The Grand Budapest Hotel e o Wes não levariam todas, mas o que vale é a intenção e a torcida apaixonada, né? E assim a vida seguia seu curso natural... Até eu resolver assistir ao Birdman (2015). Foi então que as coisas começaram a tomar um rumo engraçado, meio nonsense, totalmente poético e cruelmente realista, como o próprio filme se mostrou ser.


Sem muitas expectativas e munida apenas das informações contidas no trailer e sinopse, resolvi encarar a história de Riggan Thomsom (Michael Keaton), um ator que no passado dera vida a um super-herói que se tornou ícone cultural, e agora, anos depois, se vê sem fama, sem nenhum outro papel memorável em seu currículo, correndo atrás do reconhecimento como ator e seu lugar no mundo. Nessa busca incessável pelo próprio espaço, Riggan decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. E é a partir disso que a trama começa a se desenvolver. 


O filme se passa quase todo dentro do ambiente do teatro, nos apresentando os bastidores e os dramas vividos pelos atores e funcionários em geral envolvidos com a peça. A forma como as cenas foram filmadas passa a impressão de que a câmera acompanha todos os movimentos dos atores, nos fazendo embarcar nessa viagem extraordinária por trás das cortinas de um espetáculo. Saindo um pouco desse cenário, vez ou outra somos levados à rua, à um bar, juntamente com o protagonista e o personagem secundário mais carismático do filme, Mike (Edward Norton). A impressão que eu tive foi que a câmera parece ter sido ligada ao início do filme e carregada pra lá e pra cá, pelos corredores, atravessando portas, mostrando momentos pontuais da trama, estando onde deveria estar, por vezes correndo atrás do objeto necessário para que a cena fizesse sentido. A narrativa frenética na maior parte do tempo com alguns momentos de calmaria nos reflete claramente as angústias e pensamentos de Riggan, compondo sinestesicamente a interpretação e absorção dos detalhes passionais da trama, envolvidos por uma trilha sonora que é estranhamente boa e combina com todo o enredo e composição visual do filme. 


Vocês já devem ter ouvido aquela máxima que diz que a vida imita a arte e a arte imita a vida, certo? Então vale ressaltar que o próprio Keaton (ator que interpreta o protagonista) passou por algo parecidíssimo com o que seu personagem está passando. Seu último grande papel foi interpretar o Batman, há uns bons anos, nos filmes antigões dirigidos pelo Tim Burton. Passando longe das grandes produções por um tempo, Michael volta de forma triunfal em Birdman, nos presenteando com um show de interpretação. E aí fica a dúvida: será que seu personagem teve uma oportunidade de brilhar assim como o ator na vida real? Assistam pra saber. <3

Além da crítica ao "consumo excessivo" de blockbusters e a pouca valorização de obras com cunho introspectivo e mais filosófico, o filme nos brinda com interpretações magníficas e só pra conferir Emma Stone, Edward Norton e todos os outros personagens secundários vale a pena assisti-lo. Além disso, tem uma voz meio rouca ditando ao Riggan que ele é indissociável do Birdman (como uma espécie de alter-ego), tem diálogos bem construídos, tem Mike (Ed Norton) e Sam (Emma Stone) totalmente shippáveis, que mereciam um filme só deles, tem Ed Norton só de cuequinha brigando com o Keaton e muitas, muitas cenas WTF que fazem a gente se perguntar que porra que passa na cabeça do diretor Iñarritu. 

De forma geral, posso dizer que Birdman veio pra dividir o meu coração ao meio e também pra aumentar minhas chances de ganhar o bolão do Oscar, visto que acredito fielmente que ele vai ganhar algumas estatuetas. 

Correndo o risco de ser queimada na fogueira em praça pública, digo que Birdman foi tudo aquilo que Boyhood prometeu ser e deixou a desejar. São contextos diferentes, são histórias diferentes e blábláblá, mas Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância) traz atuações maravilhosas, personagens bem construídos, um enredo originalmente maravilhoso e um bocado de reflexões e conclusões a se chegar. Passando longe do tedioso, e se mostrando uma boa dose de exagero cômico e um pouquinho nonsense, O Homem Pássaro ganhou meu coração - e 5 estrelinhas no filmow.