Páginas

18 novembro 2015

Tempos Modernos


Contrariando a lógica da minha memória - que é: não guardar nada - lembro nitidamente como foi o dia em que meu desejo de ser fluente em inglês surgiu. Uma prima da minha mãe que mora em Curitiba estava na cidade a passeio com seu namorado alemão. Ela e o boy conversavam somente em inglês (lindamente, diga-se de passagem) e eu ficava olhando pra eles com a maior cara de besta do universo, achando tudo aquilo muito lindo. Até então, no auge dos meus, sei lá, 12 anos, eu só tinha ouvido esse inglês dinâmico em alguns filmes legendados que eu me aventurava a passar os olhos, mas nada se comparava àqueles diálogos maravilhosos - os quais eu não entendia absolutamente nada. 

Com o passar do tempo, meu interesse na língua inglesa só fez aumentar. Passei a assistir filmes legendados em português, inglês, até abolir as legendas por completo. Comecei a entender as letras de músicas sem muito esforço e os artigos pra faculdade nessa língua eu tirava de letra. Mas eu sempre tinha que pensar um pouquinho até associar o que estava sendo dito e isso era um empecilho no caso de assistir a vlogs ou vídeos de canais americanos devido à rapidez com que algumas pessoas falam. Até que meu raciocínio começou a ajudar e ouvir os vlogbrothers já não era mais tão difícil. Aí que hoje eu estava com 300 abas do navegador abertas, "estudando" para a prova de sexta e ouvindo um vídeo do Hank simultaneamente até que algo me chamou a atenção. 

"Às vezes parece que tudo está quebrado e nada funciona, 
mas quando as coisas funcionam a gente parece não notar."


Quando ele falou isso eu fiquei parada uns minutinhos, abri a página do YT, voltei o vídeo e ouvi de novo. Primeiro fiquei feliz por estar entendendo perfeitamente o inglês do Hank (que é acelerado em 10x) mesmo fazendo outras coisas e segundo... Gente, presta atenção nessa frase! 

Eu sempre penso nisso. Sempre. Principalmente quando estou com algum machucado, com dor em alguma região ou quando estou com o nariz entupido por causa da gripe. Quando as coisas estão funcionando perfeitamente, a gente não nota. Já quando elas param de funcionar...

No vídeo ele fala ainda sobre como numa cidade (no caso dele, NY) várias pessoas trabalham duro para manter tudo em movimento. Usando o exemplo da comida, fala sobre quão complexo é o ato de juntar todos os ingredientes, formar o produto e por quantos processos tudo passa até chegar à nossa barriga. Por trás de tudo (tudo!!!) há o trabalho de várias pessoas e isso é muito louco. É impossível não viajar pensando nessas coisas. 

Por mais que às vezes eu prefira ficar sozinha, no meu canto, com meus pensamentos, as pessoas influenciam direta e indiretamente na nossa vida e é impossível viver isolada delas por completo. É impossível viver alheio a todo mundo e não há mal nenhum nisso.

-

Ok. Eu fiz uma introdução desnecessária (pra variar) e falei sobre umas reflexões aleatórias na madrugada de quarta-feira porque claramente eu não estou no fim do semestre e não tenho milhares de provas. Aham. Deve ser isso. 

16 novembro 2015

Não fosse assim, não seria eu

Imagem de girl, smile, and photography

Não posso ver ninguém triste, pra baixo ou emburrado perto de mim que isso me desperta um lado idiota-de-ser que tenta arrancar risadas das pessoas a qualquer custo. Chega a ser engraçado. E meio esquisito. Mas sempre funciona. (Esse lado também costuma aparecer quando me sinto insegura, mas aí é assunto pra outro post.)

O caso é que na última quarta-feira minha amiga, que é minha dupla de clínica, estava doente. Nós somos auxiliar uma da outra em todas as clínicas e de repente me vi tendo que trabalhar com outra pessoa com a qual eu não tinha muita intimidade e isso me desestabilizou um pouco. Por sorte (e algumas piadinhas quebra-clima) tudo correu bem. Terminamos a cirurgia mais cedo que de costume e corremos para o centro de convivência para comer alguma coisa. Estávamos exaustas, com fome e é claro que nesses momentos meu lado ~maluca de ser~ resolve atacar. 

Sentamos para comer nossos respectivos combos de salgado do Alemão (que renderia um post só dele) + coquinha (aquela coca-cola de 250ml) em uma mesa com outros dois colegas de curso. Ambos estavam com umas carinhas emburradas que só podia ser resultado de uma coisa: aula com a "Chatiane" (a chamaremos carinhosamente assim). E não deu outra. Eles tiveram um mal entendido com a professora e estavam soltando fogo pelas ventas (???)  Aí o que vocês acham que eu fiz? 

1. ajudei a falar mal da professora que também infernizou minha vida no semestre passado (e de toda a sala);
2. fiquei fazendo piada sobre a professora e suas manias engraçadas;
3. fiquei fazendo piada sobre o universo e tudo o mais até fazer todo mundo rir ao invés de chorar e se perguntar ~qq tava acontesendo ~

Se você respondeu "todas as anteriores" está corretíssimo. Caso contrário, não seria eu. 

O fato é que em alguns minutos o clima mudou completamente e aquela nuvem negra saiu da cabeça daqueles serzinhos. E isso me faz sentir tão bem que não ligo que todo mundo me ache desajeitada, espavitada ou cabeça de vento. Prefiro ver todo mundo sorrindo do que discutir a fundo os problemas de carência que a professora tem (o que causa todo o estresse durante as aulas). Prefiro levar as coisas com leveza do que me afundar em dramas desnecessários. Afinal, se as coisas estão ruins, ficar pra baixo não vai adiantar nada. Tentar rir um pouco pode, sim, ajudar a melhorar. 

Aí hoje uma amiga disse que estava tendo ataques de riso com uma das piadinhas diárias que eu estava fazendo no nosso grupo no whats e eu ganhei o meu dia. Vocês não sabem o quanto eu acho isso maravilhoso. Se tem uma coisa que me faz sentir bem é ser elogiada de 1. inteligente e 2. engraçada. 

Sério. 
Se quiser me deixar feliz é só falar que sou alguma dessas coisas (mesmo não achando, hehe, brincs). 

Aí o texto começou com a ideia de eu falar sobre como adoro despertar o melhor lado das pessoas (mesmo parecendo ridícula) e terminou com autopromoção. Essa sou eu. Se não desviasse do assunto e chegasse em outro completamente diferente não seria eu. 

14 novembro 2015

O importante é o que importa


Dia desses eu estava indo almoçar com as minhas amigas num restaurante perto da faculdade logo após uma clínica daquelas. Abro um mega parêntesis pra esclarecer que quando digo clínica daquelas, quero dizer: dias em que tudo acontece. Paciente que não vai fazer a cirurgia pois está ~naqueles dias~ (sim!), paciente que alega não escovar os dentes porque teve que usar a escova pra engraxar o sapato (simmm!!), paciente que não deixa o filho receber tratamento odontológico porque acha que sabe mais que o dentista... Enfim, podemos ficar aqui o dia todo. O fato é: estávamos exaustas, com fome, conversando e rindo sobre as bizarrices cotidianas, até que reparamos algo de diferente na paisagem habitual. Vários postes (praticamente todos) próximos ao nosso bloco estavam adornados com folhas impressas - nelas tinham algumas frases tipo essa da foto acima - e eu achei isso muito legal. Afinal, às vezes tudo o que a gente é tirar 10 segundos pra ler algo interessante, nem que seja no meio da rua, dar uma risada ou parar pra pensar sobre alguma outra coisa e seguir caminhando. 

Assim que nós vimos a frase, o reflexo das minhas amigas foi apontar imediatamente o celular pra fazer um snap. Cara, o que foi que a gente se tornou? Quando registrar um snap ficou mais significativo do que comentar sobre a frase com as pessoas que estão ali do nosso lado? 

Aí vocês podem pensar "miga sua loka vc também tirou foto da frase e tá fazendo um post sobre isso" e digo que ok, vocês têm seu ponto. Mas o que eu quis foi justamente pegar esse momento como exemplo pra tocar nesse assunto que tanto me assombra. Bati a foto delas batendo o snap não pra ficar uma inception legal que ganharia curtidas do instagram (eu postei no insta sim, não serei hipócrita, mas a intenção principal não era essa) e sim pra apontar o que virou rotina: registrar qualquer coisa no snap, instagram, facebook e twitter primeiro pra depois aproveitar, de fato. 

É claro que não dá pra generalizar, inclusive eu acredito que não me encaixo nesse perfil de pessoa louca dos snaps, mas vocês entenderam. E tudo o que eu vejo é que as pessoas são, realmente, suicidas e o pior de tudo é: na maioria das vezes sem perceber.


Outra frase que a gente deve tatuar na testa pra ver se as pessoas entendem, de uma vez por todas. Por mais óbvio que seja, tem gente que não consegue levar esse lema pra vida e se preocupa exacerbadamente com coisas que não importam. Gente, desencana. O importante é o que importa. O resto é sobra. 

Além desses, esbarramos com vários outros postes estampados com várias outras frases e é claro que as pessoas da região também passaram por ali e fizeram questão de rechear o feed do facebook com fotos disso. É incrível ver como as pessoas estão mais interessadas em compartilhar as frases do que enfiá-las na cabeça (ou pesquisar de que livro é a frase pra pode ler, enfim). Isso me lembrou o vídeo "Biblioteca", do Porta dos Fundos (em que o cara tem uma biblioteca em casa só porque acha bonita a estante lotada) e é basicamente por isso que resolvi escrever. Algumas pessoas estão preocupadas apenas com o que os outros acham delas (nossa vão me achar cult pois estou postando uma frase no face) e isso me frustra. Demais. 

Todo esse papo me lembrou do primeiro dia de aula. O professor meio que tomado pelo espírito 1ª série do ensino fundamental quase mandou a gente fazer um desenho sobre nossas férias, mas por um descuido apenas fez uma enquete rápida pedindo pra levantar o dedo quem 1. tinha viajado nas férias, 2. tinha ido a festas nas férias, 3. tinha lido ao menos um livro nas férias. Nem preciso dizer que só eu e o prof levantamos o braço na última e isso sempre me deixa pra baixo. Eu sabia que todos os meus colegas tinham viajado e saído bastante nos últimos meses porque suas redes sociais não me deixavam ignorar isso nem que eu quisesse. Mas poxa, nem um livrinho? 

-

Sei que o texto tá desconexo. Sei que as ideias estão mal organizadas. Sei que posso reler depois e ver que falei um monte de bobagens, mas eu precisava escrever alguma coisa e foi isso que saiu. Saudades.