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12 março 2016

Isso não é era pra ser um discurso de autoajuda ¯\_(ツ)_/¯

Eu só queria voltar no tempo e dizer pra mim mesma que ó: as coisas vão dar certo, tá? Mesmo que tudo pareça uma bosta nesse momento, mesmo que a indecisão esteja batendo forte, mesmo que nada pareça suficientemente constante pra se agarrar... Segue em frente porque isso vai valer a pena lá aqui na frente.

Infelizmente a viagem no tempo ainda não é viável, então deixo o recado pra vocês que estão se sentindo agora como o meu eu-de-alguns-anos-atrás. Você pode estar passando por uma situação ruim que está se estendendo por mais tempo do que se considera suportável, mas vai passar. Confia em mim - e, mais importante que isso, confia em você.

Só queria lembrar que o tempo não é mágico - ao contrário do que muita gente nos faz pensar, ele não joga um pó com glitter sobre você e tudo fica bom de repente. A mágica do tempo é que ele nos faz o favor de permitir repensar em nossa vida, nas nossas atitudes, no que tá coteseno... Ele nos dá espaço pra perceber que algumas coisas não cabem mais na nossa rotina e que precisamos nos livrar disso pra seguir mais leve. E com o passar dele algumas coisas mudam, algumas pessoas vão embora, outras chegam e aí então tudo fica bem. Não é mágica, a gente precisa fazer acontecer.

Esses dias eu estava indo pra faculdade e fiquei pensando sobre tudo isso que  estou falando, até que resolvi que precisava escrever esse texto. 

Há 3 anos eu estava entrando numa faculdade que nunca foi o meu sonho. Eu não me imaginava naquele curso e fiquei por muito tempo com medo de ficar frustrada e presa numa profissão que não me satisfazia. Eu me cobrava demais, sofria demais, pensava demais nos "e se..." que cismavam e me perturbar. Eu não confiava o suficiente em mim e muito menos na minha capacidade. Eu estava cercada de pessoas que me faziam sentir cada vez mais triste e isso me deixou várias noites sem dormir.

Não foi fácil passar por isso - nunca é - mas então eu percebi que eu não preciso me cobrar tanto. Não preciso (tentar) ser perfeita o tempo todo porque ninguém é. E tá tudo bem. Percebi também que manter pessoas por perto só porque elas estão ali há muito tempo (mesmo não acrescentando nada de bom) não é saudável, e por mais triste e solitário que seja, às vezes é melhor simplesmente se afastar. Aprendi que não é preciso tentar controlar tudo o tempo todo e se as coisas saírem fora do roteiro TÁ TUDO BEM porque a vida não é um filme e as cenas não precisam ser ensaiadas. A vida é improviso e por isso ela é tão maravilhosa.

Durante esse tempo eu me conheci melhor e conheci pessoas maravilhosas que me fazem bem. Uma delas (obrigada, Fê) me mostrou que por mais defeitos que a gente tenha sempre vai ter aquele alguém especial que vai te amar assim mesmo e que vai te mostrar que são esses defeitos que te fazem um ser único. Nesses 3 anos eu me descobri no meu curso e hoje não me imagino fazendo outra coisa além de ajudar as pessoas a se sentirem mais confiantes pra sorrir. 

Eu continuo não sendo a pessoa mais confiante e segura do mundo, mas hoje sou feliz. Feliz comigo, com as minhas escolhas, com as pessoas que escolhi manter ao meu lado. É claro que alguns dias ruins aparecem, problemas todo mundo tem, mas aquela sensação de que estou onde deveria estar é a parte mais satisfatória de tudo isso. Por isso eu digo: vai ficar tudo bem, basta acreditar em você.

The Oscars happy excited leonardo dicaprio oscars 2016

02 março 2016

Como imaginaríamos o mundo que conhecemos se não o conhecêssemos?

Minhas aulas voltaram na última segunda-feira, mas eu ainda estou me sentindo meio que de férias. É claro que ainda preciso levantar cedo na maioria esmagadora dos dias, mas quarta só tenho aula à tarde e por isso ontem me permiti usufruir de um pequeno prazer: ficar acordada até tarde vendo filme. 

Esse não era meu plano inicial, confesso. Eu pretendia ficar acordada até, no máximo, 2 da manhã pra colocar meus roteiros e a matéria das primeiras aulas em dia (sim, já teve conteúdo pra mais de metro nesses dois primeiros dias), mas me peguei lendo um post da Anna sobre o Oscar e só o que me passou pela cabeça foi: preciso assistir "Room". Agora. 


Não mais que de repente procurei um link pra assistir online e, enquanto o player carregava um pouco, terminei de ler o post. Apesar de já ter marcado o filme como "Quero Ver" no filmow há um tempo, ainda não tinha parado pra assisti-lo (shame on me, sem maratona pro Oscar esse ano - justamente esse ano! que Leo finalmente ganhou. enfim). Até que alguma coisa no post da Anna despertou em mim uma vontade absurda de saber como a história terminava e, mais do que isso, como ela se desenrolava. Fiquei curiosa e absolutamente encantada pela originalidade da história.

Há essa altura você já deve ter visto mil resenhas sobre a obra - "Quarto de Jack", no Brasil - e sabe a história até de trás pra frente. Mas, caso você tenha ficado alheio aos indicados esse ano, lá vai um breve resumo: Joy e seu filho, Jack, vivem enclausurados em um quarto - ela há 7 e ele há 5 anos. Jack nasceu dentro deste, ou seja, tudo o que ele conhece de "mundo" está ali naqueles 10 m² de espaço e uma visão ínfima do céu pela claraboia. Como os dois não têm perspectiva de escapar dali, Joy encontra respostas inusitadas para perguntas curiosas do menino e os dois tentam viver o que se pode chamar de "vida normal" naquela prisão. Com o resgate dos dois e a inserção deles em um "ambiente normal", o desafio do filme passa a ser mostrar como eles se adaptarão àquela nova realidade e conviverão com as pessoas, os carros, o mundo e seus traumas. 


É muito difícil começar a falar sobre esse filme porque ele mexeu muito comigo. A primeira hora da obra se passa toda dentro do Quarto e nos apresenta a realidade de Joy e Jack. Seu dia-a-dia, como passam as horas, além da história de Joy e como ela foi parar ali após ser sequestrada com apenas 17 anos. Essa primeira parte do filme me deixou bastante angustiada e as cenas naquele único lugar se mostraram claustrofóbicas e perturbadoras, tamanha a imersão na história. À medida em que os personagens foram se apresentando, fui percebendo a garra de Joy em manter Jack seguro, bem alimentado e com hábitos comuns, tendo em vista sua realidade. Ela lia para ele, ensinou-o a ler, falava pra ele sobre as pessoas da TV e tentava criar para ele uma realidade crível dentro de suas limitações. Jack é um menino bastante esperto (esse Jacob Tremblay merece o Oscar de mais fofo do ano) e quando ele completa 5 anos, Joy vê uma esperança de armar um plano pra  livras os dois dali com a ajuda de seu filho. Os momentos de ~pré-fuga~ são super tensos e é impossível não roer todas as unhas. Até que, finalmente, eles conseguem escapar. 


Esse momento pontual no meio do filme é bastante emocionante e dá uma sensação de respirar depois de muito tempo embaixo d'água, sabe? A sonoplastia ficou ainda mais incrível que no restante do filme, assim como a imagem. Consegui ter a experiência quase real de encarar as mais variadas mudanças de iluminação e sons após um mesmo padrão por vários anos. Achei demais! Mas aí começa outra parte difícil da história: a reinserção ao mundo de uma pessoa que ficou por 7 anos enclausurada e a apresentação desse mesmo mundo para um menino de 5 anos que nunca havia saído do Quarto. Fiquei curiosíssima sobre como o enredo iria seguir e posso dizer que fiquei super satisfeita com as escolhas feitas.  Houveram momentos muito tristes, assim como momentos emocionantes e felizes. Eu, particularmente, sou muito chata com finais de filmes e posso dizer que gostei muito do final escolhido para "Room". Obviamente não vou comentá-lo aqui, mas achei algo poético, metafórico e muito significativo.

O filme me pôs a pensar sobre todas as coisas as quais temos acesso no nosso dia-a-dia e nós deixamos passar por serem rotineiras. O ar puro, as árvores, os carros, as pessoas, a possibilidade de sair pra comprar uma roupa nova, experimentar comidas diferentes e testar novos perfumes... Enfim, esse mínimos detalhes que são tão comuns pra gente que paramos de apreciar. 

Além disso, adorei acompanhar todo o lado psicológico da trama, esse desenvolvimento do dano, por exemplo a forma como Jack responde à certas situações frente ao que foi criado e ao que considera "verdade". Bem como a indignação da Joy por perceber que todos seguiram suas vidas mesmo ela tendo parado a sua por 7 anos. 

De forma geral, é um filme que dá muita coisa pra pensar e é bem produzido, com atores dando um show e com fotografia e trilha sonora impecáveis. Um dos melhores filmes que assisti esse ano. Super recomendo pra quem ainda não assistiu e espero seus comentários sobre a obra pra gente discutir. 

Agora 'cês me dão licença que eu preciso me arrumar pra ir pra faculdade. Como eu disse lá no começo, estou me sentindo MEIO QUE de férias e esse ~meio que~ faz toda a diferença. Tchau!