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25 maio 2016

Minha opinião-não-requisitada sobre Misery



Segunda-feira, 23 de maio de 2016, 09:53 a.m.
"A clínica acabou mais cedo...", pensei, "...que sorte! Posso pegar o ônibus das 10h e, embora esteja congelando lá fora, vou pro ponto mais cedo pra não correr o risco de perdê-lo..."  

Cerca de 15 minutos e infinitas olhadas pra tela do celular pra ver a hora depois, lembrei que os horários do ônibus iam mudar e... Guess what?! O dia que as mudanças entravam em vigor era segunda, dia 23. Abri o site da empresa de ônibus correndo só pra constatar o óbvio: ao invés 9h e 10h, agora o único horário disponível era 11:30. hehe. "Que sorte, a clínica acabou cedo" não parecia mais tanta sorte assim.

Pra não sair no prejuízo, me permiti vagar pela livraria do shopping universitário que tem na frente da faculdade. Os preços são exorbitantes, mais caros que na maioria das livrarias (isso que é pra universitários - o que não faz sentido), mas não me segurei e, ficando uns 40 e poucos reais mais pobre, acabei levando "Misery", do Stephen King, comigo. 

Encontrei meu lugar ao sol - literalmente, me acomodei numa das mesinhas na área externa do shopping onde estava batendo um solzinho maravilhoso - e comecei a ler devorar o livro. Ali permaneci até a hora de voltar pro ponto. Assim que me acomodei num assento bem ao fundo, voltei a ler. Quando cheguei em casa, li mais um pouco. 24 horas depois, terminei de lê-lo e assisti ao filme logo em seguida. Tamanho meu encantamento. 

Eu, que nunca tinha lido nada do autor (só assisti a vários filmes baseados em suas obras) - shame on me - passei a entender o real motivo de ele ser considerado um rei. Chovendo no molhado: o cara é foda mesmo. Agora já quero voltar na livraria e gastar todo o salário que ainda nem recebi em todos os livros do King que eles tiverem por lá. Nada mais justo. 

Fazia tempo, muito tempo, que eu não me sentia assim lendo alguma coisa. Essa empolgação exagerada, ansiedade pelo próximo capítulo e a incapacidade de manter as unhas intactas que só um suspense (em especial, um suspense confinatório) muito bem escrito é capaz de causar. Além da história, em si, ser maravilhosamente bem pensada, os personagens e a forma como a obra foi escrita merecem boa parte dos créditos.

Apesar de achar a Annie do livro mais tenebrosa em alguns aspectos (aparência que eu imaginei, por exemplo), a Annie do filme conseguiu me passar uma sensação de total e completa insanidade muito mais "comedida" aparentemente - e por isso mais perigosa - que a obra escrita. O Paul do filme me pareceu um pouco mais irônico e seu humor sarcástico apareceu mais claro pra mim, embora no livro a gente sinta a dor e o processo de loucura pelo qual o personagem passa, o que o tornou mais real pra mim. Além do seu vício pelo remédio que ficou explícito na obra física. No filme parece que ele é meio que feito de ferro, consegue evitar os remédios muitas vezes... As metáforas escritas sobre a dor não conseguiram sua deixa no filme, o que me entristeceu um pouco, visto que senti aquilo na essência do personagem.

É claro que o livro é mais completo, obviamente, mas o filme não fica muito para trás.
Sinto a necessidade absoluta de indicar os dois pra quem quer que ainda não conheça a história. Não faça como eu. Não demore mais um segundo pra conhecer a loucura de Annie e as tentativas de Paul manter-se vivo.

Típico de King, falar sobre escrita aparece bastante, principalmente no livro. Isso me inspirou a escrever, tanto que cá estamos. E a vontade de escrever um livro triplicou. Só falta a história. Única coisa que eu não quero é um fã número 1 no estilo de Annie. Ou aquele da Ana Hickmann. 

01 maio 2016

Um desabafo confuso

Imagem de car, funny, and Adult

Aí você cresce, amadurece, abre os olhos e passa a entender milhares de coisas que antes não faziam sentido. Começa ver coisas que antes passavam despercebidas e enxerga claramente os problemas que nem sabia que  existiam. Olhando em retrocesso, pode analisar o quanto as pessoas ficam boas nesse negócio de esconder os sentimentos à medida que crescem. E entende que, apesar de doloroso, todo esse processo é necessário - não entender as coisas até passar a entender; além de também aprender a esconder algumas coisas com o passar do tempo. 

Disso tudo, não sei o que é pior: começar a ver com outros olhos as relações que são perfeitas apenas vistas de fora, mas estão ruindo por dentro ou não poder fazer nada a respeito. Porque, vocês sabem, uma vez vistas, as coisas não podem ser desvistas. E nem tô querendo citar memes. 

É como quando você percebe que tem uma mancha na lente dos seus óculos. Depois do segundo em que seus olhos percebem a mancha, é impossível ignorá-la. O mesmo vale para outras coisas. Você pode pensar que os pais da sua amiga se dão super bem e são suuuper felizes no casamento (estilo comercial de margarina) até jantar uma noite na casa deles e perceber que o clima péssimo não é algo passageiro, que eles apenas se aturam e fazem questão de deixar explícito em seu tom de voz o arrependimento que carregam em ter largado alguma coisa pra casar, formar uma família. Sabe essas coisas? 

Não tenho certeza se estou parecendo stalker ou soando estranha, mas sou muito observadora e isso só deixou os meus olhos mais abertos pra sentir de longe o cheiro das mentiras que as pessoas contam pra elas mesmas - e pros outros. Mas é claro  que quando as coisas estão acontecendo debaixo do nosso nariz, o buraco é mais embaixo. ´

Sinceramente, não sei onde eu quero chegar com esse texto, eu apenas senti uma vontade absurda de colocar esses sentimentos em palavras na esperança de encontrar uma saída. 

A questão é que a gente não pode fazer nada por alguém que não quer ser ajudado e isso me faz sentir culpada. Porque uma vez percebido o problema, fica difícil ignorá-lo. Mas se os principais envolvidos fingem que ele não existe, quem sou eu pra tentar mudar isso, né?